Desde a Antiguidade, os povos orientais acreditavam que todas as doenças começam no intestino, sendo que este saber milenar está cada vez mais confirmado atualmente. Existe uma relação fundamental entre o intestino e a saúde, por meio do conceito de permeabilidade intestinal. O intestino humano mede de 8 a 9 metros de comprimento, possui por volta de 500 milhões de neurônios, produz aproximadamente 95% de serotonina e 50% da dopamina do corpo, apresenta mais melatonina do que a região pineal e abriga de 70 à 80% das células do sistema imunológico. Ao mesmo tempo em que se deve ser acessível e permeável a nutrientes para permitir um bom aporte nutricional e energético, o epitélio intestinal precisa defender o organismo conta agentes patógenos e moléculas potencialmente causadoras de danos.
O intestino é definido como a porção do trato gastrointestinal que se estende do esfíncter pilórico estomacal ao ânus. Suas grandes estruturas constitutivas são o intestino delgado, subdividido em duodeno, jejum e íleo, e o intestino grosso , subdividido em ceco, colón (segmentado em ascendente transverso, descendente e sigmoide) e reto.
Dentro da avaliação do processo alimentar, a absorção de nutrientes no intestino pode ser alterada por sintomas de má absorção, interação entre os nutrientes, alteração da permeabilidade da mucosa e, consequentemente, disbiose intestinal. O desequilíbrio da microbiota afeta negativamente o sistema imune inato e, com isso, pode concorrer para o desenvolvimento de diversas doenças como artrite reumatoide, diabetes tipo 1, doença inflamatória intestinal, doença hepática gordurosa não alcoólica, aterosclerose, obesidade, cancerem atopia e doença pulmonar .
A alimentação adequada dá suporte à integridade intestinal, que se relaciona à função do intestino de atuar como um canal entre os nutrientes e a circulação sistêmica e como barreira contra toxinas de uma variedade de fontes. Estas toxinas podem ser exotoxinas, como drogas e substâncias químicas, e endotoxinas, tais como os produtos de eliminação das bactérias, antígenos alimentares e decomposição de produtos do metabolismo. Quando a integridade da parede fica comprometida, a permeabilidade do intestino pode estar alterada e a capacidade deste de atuar como uma barreira contra antígenos e patógenos é desgastada.
Dois fatores principais que influenciam esta integridade são as populações bacterianas no intestino e a saúde da mucosa intestinal, sendo ambos influenciados pela nutrição. Um desequilíbrio na microbiota intestinal que produz efeitos prejudiciais é chamado de disbiose intestinal, e esta interfere imensamente na integridade intestinal. Agentes tóxicos são bioativados por sistemas de enzimas das bactérias intestinais, sendo este processo promovido numa velocidade maior no sistema intestinal com populações de microrganismos desequilibradas.
A microbiota benéfica ajuda a digerir os alimentos e a produzir ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e proteína, que são parcialmente absorvidos e utilizados pelo hospedeiro. Apresentam ainda importantes funções metabólicas e nutricionais, incluindo a hidrólise de ésteres de colesterol, de andrógenos, estrógenos e de sais biliares e a utilização dos carboidratos, proteínas e lipídeos. As bactérias colônicas continuam a digestão de alguns materiais que resistiram à atividade digestiva prévia. Neste processo, vários nutrientes são formados pela síntese bacteriana, disponíveis para a absorção, contribuindo para o suprimento de vitamina K, vitamina B12, tiamina e riboflavina. A microbiota intestinal auxilia a fermentar carboidratos que permaneçam mal absorvidos ou resistentes à digestão e ajuda a converter as fibras da dieta em AGCC (butirato, propionato, acetato e lactato) e gases. O ácido butírico ou butirato é o alimento preferido dos colonócitos e é produzido pela ação da fermentação das bactérias intestinais sobre a fibra da dieta, particularmente a fibra solúvel. Atualmente se reconhece que os AGCC exercem papel fundamental na fisiologia normal do cólon, no qual constituem a principal fonte de energia para os enterócitos e colonócitos, estimulam a proliferação celular do epitélio, o fluxo sanguíneo visceral e intensificam a absorção de sódio e água, ajudando a reduzir a carga osmótica de carboidrato acumulado6
Uma alimentação saudável não está ligada somente ao tipo de alimento ingerido, mas também ao estilo de vida, hereditariedade, biodisponibilidade dos nutrientes e meio ambiente. O intestino pode ser considerado o grande mantenedor da saúde. O acúmulo de maus tratos na função intestinal afeta o equilíbrio da microbiota, fazendo com que as bactérias nocivas proliferem e gerem consequências para a digestão de nutrientes. A ciência vem mostrando claramente que o intestino é um dos melhores indicadores com que se pode contar para avaliar a saúde de um indivíduo.
Cuidando melhor do sistema gastrintestinal, melhora-se o sistema imunológico e, consequentemente, vive-se com mais disposição. Além disso, o uso de produtos probióticos, prebióticos e simbióticos auxilia na prevenção e no tratamento das possíveis alterações da microbiota intestinal.
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